Para o leigo, a humanização de plantas é fundamental para o perfeito entendimento do dimensionamento de espaços e uso propostos em um projeto. É muito comum as chamadas “plantas humanizadas” – especialmente as plantas utilizadas no mercado imobiliário para a venda de apartamentos (“planta de venda”).

O uso de maquetes eletrônicas e virtualidade também são muito úteis. Neste caso, a colocação do mobiliário tem um caráter ilustrativo e didático – mostrar ao futuro comprador como aquele espaço que está sendo adquirido pode ser usufruído.
Para o estudante – e futuro profissional – de Arquitetura, a colocação do layout/mobiliário nas plantas deve ter um significado extra.
Utilizando ainda as habitações multifamiliares como exemplo, a colocação do mobiliário deve atender a NBR 15575, que estabelece as dimensões mínimas para móveis e circulações no ambiente residencial. Não se pode propor nenhum projeto residencial que não respeite os mínimos atribuídos pela norma.
A maior parte dos Municípios – em seu Código de Obras – irá estipular as medidas mínimas para os ambientes. Mas há casos em que o Código de Obras não estabelece essas medidas, devendo então a NBR 15575 servir de base para o dimensionamento de espaços.

A tabela acima, produzida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mostra os móveis e equipamentos padrão estabelecidos pela NBR 15575. A íntegra do “Guia orientativo para atendimento a norma 15575” da CBIC pode ser baixado aqui.
No caso de projetos de HIS/HMP há legislação específica que dita este dimensionamento.
Desta forma, a colocação do layout/mobiliário nas plantas visa mostrar que os ambientes atendem a legislação e garantem uma correta circulação nos mesmos.
Imagine a seguinte situação: um quarto de solteiro com 9m² atende – a princípio – perfeitamente o quesito dimensões mínimas exigidas pelo Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo (COE).
O COE exige que quartos tenham área mínima de 5m² e que seja possível a inscrição de um círculo com diâmetro 2,00m no piso. Veja post sobre dimensões mínimas aqui.
No entanto, o formato do quarto e a disposição do layout irão definir se, de fato, este quarto atende a usabilidade necessária.
Como vimos na Tabela acima, a NBR 15575 estabelece que no quarto de solteiro seja possível a colocação de, no mínimo, 2 camas (0.80 x 1.90 cada), com um criado mudo (0.50 x 0.50) entre elas, além de um guarda-roupa (1.50 x 0.50). O espaço entre as camas deve ter no mínimo 60cm e as demais circulações 50cm. (ver Tabela 2 da Norma para as distâncias e dimensões mínimas)

Lembramos, novamente, que as dimensões são as mínimas exigidas, podendo ser maiores. A disposição do layout/mobiliário pode variar – camas encostadas na parede não são soluções ideais de projeto.
Desta forma, não se recomenda a utilização de blocos de cad genéricos baixados da internet: as medidas dos mobiliários podem não atender ao mínimo que a legislação determina. Da mesma maneira Manuais de Arquitetura editados em outros países não atendem nossas legislações, normas e hábitos.
Ao se detalhar um apartamento em específico, a recomendação é utilizar sempre nos mobiliários as medidas que de fato serão utilizadas: tirar as medidas dos móveis e desenhá-los tal como são ou especificar mobiliário cujas medidas são conhecidas (os sites das grandes lojas possuem as medidas dos móveis comercializados)
Além disso, temos a NBR 9050 que, por sua vez, irá estabelecer os espaços mínimos necessários a circulação do cadeirante. Ainda que apenas um dos quartos seja o utilizado para o descanso do mesmo, ele precisa circular e desfrutar de todas as áreas do apartamento.
Algumas Prefeituras já exigem que para a aprovação do Projeto Legal conste a planta mostrando a adaptação das unidades habitacionais para a norma. As unidades não tem que ser necessariamente térreas, garantindo a flexibilidade de compra pelo usuário. A indicação do layout/mobiliário é fundamental para que se possa estudar e mostrar a adequação do projeto à norma.
Além de garantir a usabilidade, a colocação do layout/mobiliário permite ainda que no Projeto Executivo o Engenheiro responsável pelas instalações prediais possa saber as posições de pontos de elétrica, telefonia, dados e voz, hidráulica, esgoto, ar condicionado necessários a viabilização da proposta. Sanitários, Cozinhas, Áreas de Serviço devem sempre apresentar a posição das peças.
Observação importante:
Estas informações são direcionadas a projetos acadêmicos – para projetos “da vida real” é indispensável a contratação de um Arquiteto para a verificação das necessidades de seu projeto e adequações a legislação de sua municipalidade.